quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Uma declaração



Uma declaração

Estou aqui escrevendo isso com a mente limpa. Para falar a verdade não é possível imaginar um escritor de mente limpa. Não para mim. Mil ideias surgem na cabeça de quem está escrevendo. Muitas delas sobre o que ele gostaria de escrever. Poucas são do que ele realmente escreve. Mas quem sou eu pra me intitular um escritor. Eu que não gostava de gramática, mas ficava que fascinado com estórias contadas nos livros. Eu que sempre tive raiva das aulas de português   , literatura e redação, mas pediu ao seu pai, como primeiro livro de aniversário, a “Antologia poética” do Carlos Drummond de Andrade. Eu que sempre gostei mais de ciências do que letras e línguas, mas poemas e poesias de protesto quanto as coisas erradas do mundo. Eu que achava que tudo era explicado com física e matemática, mas que expressava seus sentimentos em forma de poemas e poesias ou longos textos em conversas na internet. Pois é. Não consigo me intitular um escritor. Principalmente porque eu só escrevo quando estou triste, revoltado ou amargurado. Ou quando quero expressar muito um sentimento. Mas hoje eu decidi escrever com a mente limpa. Não limpa de meus anseios, meus medos, minhas frustrações e nem de meus problemas. Não está limpa de meus sonhos, minhas alegrias e meus amores. Ela está limpa das barreiras que eu me impus. Barreiras as quais não me deixavam escrever. E hoje eu escrevo tentando ser quem eu sou. Não um escritor ou um poeta. Mas alguém que escreve. E escreve para si. Escreve para se sentir feliz. Para se completar. Pois mesmo essa pessoa que acredita na ciência e na comprovação tem um coração que bate em seu peito, dói e tem fé. Tem uma mente cheia de ideias mas com medos e tem esperança. É um ser humano cheio de falhas mas que luta para que as qualidades se sobressaiam. E nesse exato momento esse ser humano chora. Não de tristeza. Nem de alegria. Mas de alívio. Pois ele percebe que é mais um nessa imensidão e que escreve. Enfim. Alguém que quer ser ele mesmo!

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