Propaganda circense gratuita

Propaganda circense gratuita

Sentado em minha cadeira, pergunto-me como foi que isso aconteceu. Quando eu era mais jovem, antes mesmo de poder votar, a utilização do horário político era uma ferramenta para que os candidatos mostrassem seus rostos e suas legendas. Muitos candidatos tinham apenas alguns segundos para falar algumas palavras e dizer seus nomes e seus respectivos números. Era engraçado, pois vários deles tentavam rimar seus nomes com suas frases e números. Alguns deles até tentavam usar nomes caricatos como forma de chamar a atenção. Outros usavam jargões como “justiça e trabalho”, “um homem de deus a serviço do povo”, “trabalhador vota em trabalhador”, “saúde e paz o resto a gente corre atrás”, “ a gente se vê por aqui”. Coisas simples demais, pois o tempo era curto mas tinha o poder de chamar a atenção. Porem hoje em dia ocorre um fato um pouco mais peculiar. Em nome da fama e de alguns votos a mais as propagandas de vários candidatos tem se tornado cada vez mais caricatas, jocosas e sem sentido. Citando alguns exemplos posso falar sobre os candidatos que usam jingles em suas campanhas. Um candidato usou a música de abertura do pokemon como jingle de campanha, outro do dragon ball z e até mesmo a musica “hakuna matata” do rei leão. Desenhos muito populares. Um outro candidato usou a musica “Beat It” do Michael Jackson como jingle. Existem outros casos como “Can’t touch this” do MC Hammer e a abertura do desenho Cavaleiros do Zodiaco. Acredito que isso pode ser considerado plágio, já que eu duvido muito que os direitos autorais foram pagos para a utilização dos mesmos. Apesar de esse fato ser considerado um crime, eu acredito que isso não desqualifica o candidato caso ele não retire seu material se lhe for solicitado. Mas existem casos piores, pois esses candidatos possuem uma plataforma política, mesmo que muito fraca, para apresentar. O que mais me impressiona são as “pseudo-celebridades” das eleições. Esse tipo de candidato tem um típico comportamento. Utilizar apenas fama como motor de sua campanha. Um exemplo são aqueles que se fantasiam de personagens conhecidos no mundo todo para fazer suas campanhas. Muitos se fantasiam como SuperMan, Kiko, Seu Madruga, Wolverine, Michael Jackson e outros. O problema desse tipo de auto divulgação é que deixa as eleições com um caráter jocoso demais, desviando o foco das propostas do candidato e voltando apenas para a fantasia criada por esse tipo de atitude. Existe também o caso onde os candidatos usam frases de extremo mau gosto para a promoção de suas campanhas deixando assim um ar caricato demais desvirtuando a verdadeira intenção das eleições. Outros tipos de candidato que me impressiona mais são as “ex-celebridades”. São indivíduos que tiveram muito sucesso como artistas, jogadores de futebol, participantes de “reality shows” e outros, mas hoje não fazem tanto sucesso nesse ramo ou tem pouca divulgação da mídia. O problema desse tipo de candidato é que muitas vezes eles são pagos para se candidatar e servem apenas como sorvedouro de votos para outros candidatos de suas legendas serem eleitos. Então quando alguém vota em algum desses candidatos pode estar ajudando a eleger candidatos que não são que realmente interessariam ver no poder. Nem sempre esse tipo de candidato se torna tão ruim. Existem alguns exemplos de candidatos que se tornaram bons governantes e que fizeram seu trabalho muito bem. Exemplos deles são o Romário e o Tiririca. Ambos foram muito elogiados por suas realizações, dedicando e esforçando-se nas suas posições e com certeza não gerando nenhuma reclamação no meu ponto de vista. Meu ponto é que as eleições deveriam ter um caráter menos jocoso e mais sério. Ele pode ser irreverente, mas não ao ponto de ser ridículo, pois as eleições definem realmente como a política no país deve ser feita. É nela onde realmente deve ser construída a imagem de nosso povo e impressa pelo nosso voto em nossos governantes.